Lá recebemos nós, os votos de Ano Novo, como se a passagem de uns números para outros fosse assim tão importante, mas pelos vistos é importante, pelo menos para o cardeal patriarca de Lisboa, o primeiro-ministro, o presidente da república, e até para o bispo de Roma (vulgo Papa), transmitindo as suas mensagens urbi et orbi.
Logo no início do ano, eles aparecem para nos lembrar quem manda no mundo e no país, quem manda nas nossas consciências e nos nossos corações, mostram-se preocupados (apenas isso, pré ocupados) e apelam (como se não tivessem poder), que tudo deveria funcionar como eles querem (como se não funcionasse), mandam os outros mudar de vida, mas eles nunca mudam (sentem-se os pilares estáveis da sociedade, como se a Vida não fosse mudança), falam na liberdade (mas sempre aquela que está aprisionada dentro do conjunto das suas ideias preconcebidas e estereotipadas), falam da pobreza (mas eles continuam cada vez mais, mais ricos), falam na paz (mas continuam a lançar ideias para aumentar o número de fiéis às suas ideias, e a combater as ideias dos outros que não pensam como eles), falam de unidade (mas continuam a realizar excomunhões a quem não pensa como eles), falam de valores (mas nunca nos dizem que valores são esses, mas eu acho que são os valores tipo, conta bancária), falam disto e daquilo “não fazer sentido” (uma coisa ou atitude não fazer sentido, depende do sentido que se lhe dá, a pergunta fica no ar, qual é o sentido deles? Antes de se dizer que não faz sentido, é necessário esclarecer em que sentido se está a circular, se não é como dizer “certas e determinadas pessoas” que no concreto não são pessoas nenhumas).
Que posso eu fazer?
Posso me rir, rir-me como um menino num circo e estivesse a assistir a estes números do meu lugar na sociedade, e assisto a estas palhaçadas, e grito: “Hei, pessoal, o rei vai nu”, e depois grito mais alto ainda: “Vai nu, olhem!”. Vejam as fatiotas que vestem e depois reparem como são parecidas às dos palhaços (os verdadeiros são os que estão no circo, por que estão conscientes do que são, os outros são falsos e inconscientes), estes seres humanos que pensam que são tão importantes para nós (eles pensam que somos ovelhas sem pastor), e que sem eles o país e o mundo estariam à deriva, e todos os seus discursos e trejeitos assim o apontam, só posso me rir deles, não os quero matar nem os destruir, desejo apenas que se sintam seres humanos, simplesmente humanos, e o ridículo é ferramenta a usar nestes casos, leva os seres humanos (eu incluído, claro) a rir-se de si próprios, a não levarem esta vida tão a sério, a seriedade no expoente máximo leva-nos à loucura e a uma maior inconsciência, e consciência é o que se procura, ter consciência que esta forma de vida é uma ilusão, mas tem um propósito em ser uma ilusão e é disso que temos que ter consciência, e então usemos esta forma de vida como se fosse uma peça de um puzzle e então a coloquemos no sítio onde deve estar.
Voltando ao tema, na realidade passei ao lado dos discursos (que são sempre mais do mesmo, e repetitivos até à náusea) dos ditos e auto-proclamados “pilares da sociedade” (que papel tão ridículo!), e passei a noite de ano novo num lar de crianças, a ver “A Pequena Sereia”, “A Pipi das Meias Altas” e ainda “A Fuga das Galinhas”, todas estas histórias têm muito mais “sumo” que todos os discursos dos ditos “pilares”, há muito mais a relembrar nestas animações infantis do que no mais douto discurso de um qualquer senhor professor doutor engenheiro bispo cardeal papa. Dei-me em afectos que estas crianças sentem falta, e senti-me cansado, mas um cansaço bom (mas sem orgulho, nem sentimentos de obrigação cumprida), senti-me ser humano (fui EU no Aqui/Agora, nem mais nem menos). Não é de discursos e mensagens que os seres humanos sentem falta, sentem falta de afectos e de afectos continuados, não apenas no Natal, não apenas em ocasiões especiais, mas sempre que a Vida nos traga essa oportunidade, e sempre numa relação de iguais qualquer que seja a diferença de idades, SER HUMANO DE AFECTOS, esta é a Vida Nova no Novo Ano de 2009 (apenas um número!).
sexta-feira, janeiro 02, 2009
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1 comentário:
Dizes que te sentes humano.
Eu sinto-me animal pois as caracteristicas dum humano versus animal cada vez mais faz-me ter a certeza que pertenço àquele grupo!
Sejamos animalescos!
Abraços,
Cris
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