segunda-feira, julho 20, 2009

Resposta ao Anónimo do Sábado, 18 Julho, 2009

Anónimo do Sábado, 18 Julho, 2009 disse...

“Com certeza, como grande parte do clero, você é apenas mais um que não entendeu a o texto pontifício.”

 

Olá Anónimo,

 

Eu entendi o que o papa (o Joseph Ratzinger) escreveu, a sabedoria popular é quem o diz, "faz o que eu te digo, não faças o que eu faço", esta é mensagem do Joseph.

 

Como pode um homem que se vê,

Com poder absoluto,

Com poder discriminatório,

Com poder de mandar excomungar alguém da igreja que se diz católica (universal),

Com poder sobre todos os que se põem debaixo dos seus pés na pirâmide do catolicismo,

Que não se vê como igual a todos os outros seres humanos, julga-se “o” escolhido de Deus,

Que julga e condena outros seres humanos, em vez de acolhê-los,

Que vive preso e condicionado pela Cúria Romana,

Que nunca esteve com os mais pobres dos pobres, pois poderia sujar as suas vestes magnificas,

Que se vê e gosta de ser chamado de Sumo Pontífice, coisa que Jesus nunca fez,

Que se vê como infalível, nem Jesus chegou a esse primor,

Que se pensa mandatado por Jesus para exercer o poder monárquico, coisa que Jesus nunca fez,

Que vive no fausto e no luxo, na bajulação e na adoração, coisa que Jesus nunca fez,

Que pensa que as pessoas amam a sua pessoa, mas elas apenas têm respeito pelo posto que ele ocupa e nada mais, é apenas uma falsidade, um engano, cego a guiar outro cego,

 

Escrever sobre a Verdade e a Caridade?

 

Se acreditasse nas palavras que escreveu, e verdadeiramente se comprometesse com elas, então na mesma hora, desistia de ser papa, de ser bispo, de ser cardeal, de ser padre, e passava a ser “ser humano” até às últimas consequências, igual entre iguais, irmão entre irmãos, nunca ser superior, nem ser inferior, olhava para todos os seres humanos e via a irmandade humana, e só a partir daí é que se construiria uma verdadeira sociedade humana, a verdadeira ecclesia.

 

Mas isto não aconteceu, por isso, esta encíclica não passa de um embuste, e o Joseph é um embusteiro, que engana as pessoas de boa-fé, e de bom coração e que sentem a necessidade de ter um líder e de jogar o jogo do “siga o líder”, visto esta ser uma maneira de não se responsabilizar pelo rumo da sua vida, vivendo de uma forma amorfa e cega, sem pensar e decidir muito, sempre necessitada de orientação, pelos vistos o Joseph gosta deste tipo de pessoas, por que será?

 

Palavras, leva-as o vento diz o povo sábio, assim é como as minhas palavras, a não ser que alguém as apanhe e as faça suas.

 

Assim seja.

 

 

1 comentário:

entremares disse...

O relógio da parede marcava as onze.

Imperturbável, alheio a pressas, o pêndulo de bronze repetia os mesmos movimentos de sempre, indiferente ao facto de se aproximar mais um final de ano onde, da forma costumeira, repetiria doze badaladas.

O pastor Josué encontrava-se sentado na sala, no velho cadeirão de pele. À sua frente, a pequena mesinha de pés curtos, habitualmente pejada de livros e revistas, estava agora praticamente vazia, com aquele estranho objecto metálico alinhado bem ao centro.

Uma balança.

Cuidadosamente, retirou da sacola os dois grandes frascos de vidro, em tudo iguais, excepto na cor das respectivas tampas; uma branca, outra negra. No interior de ambos, uma quantidade enorme de pequenas bolas de papel amarrotado saltitavam, empurrando-se umas contra as outras. À primeira vista, ambos os frascos teriam um conteúdo em número muito semelhante das pequenas bolas de papel.

Com extremos cuidado, abriu o frasco da tampa branca e lá foi vertendo o seu conteúdo para um dos pratos da balança, tentando que esta não transbordasse. Logo de seguida, repetiu o processo para o segundo frasco, vertendo as bolinhas de papel amarrotado para o outro prato da balança.

Suavemente, a balança desequilibrou-se e um dos pratos tombou sobre a mesa.

O pastor Josué ficou a olhar para ele, a testa franzida por uma ruga de inquietação.

Outra vez?

Há quanto tempo repetia ele aquele ritual, na noite de 31 de Dezembro? Dez, talvez onze anos…

E mais uma vez – a terceira consecutiva – a balança tombava para o frasco da tampa negra, o frasco onde Josué depositava, dia após dia, pequenos papeis amarrotados, retirados do bloco de memorando; por cada boa acção relevante… um papelinho amarrotado para dentro do frasco de tampa branca, para cada arrependimento, para cada falhanço… um papelinho amarrotado para o frasco de tampa negra.

- Para o ano, será diferente… - murmurou para si mesmo.

A balança não o ouviu. Indiferente ao peso das almas, limitava-se a pesar os prós e os contras das existências, independentemente dos sentidos que o pastor Josué atribuía aos pequenos papelinhos amarrotados.

- Para o ano, será diferente…. – voltou a repetir.