Filosofia para crianças – Aprender a Pensar
por Mário Almeida e Manuel Veloso
Os docentes de Filosofia da escola de Paredes de Coura iniciaram e desenvolveram este ano lectivo um projecto de Filosofia para crianças (1º ano do 1º ciclo e no 5º ano do 2º ciclo), que embora já com tradição em vários países é pioneiro na escola pública portuguesa.
No final do ano lectivo 2007/2008, a professora Cecília Terleira, presidente do Conselho Executivo da Escola de Paredes de Coura, sugeriu ao grupo de Filosofia a elaboração de um projecto de Filosofia para crianças destinado às turmas do primeiro e segundo ciclos.
Esta ideia foi acolhida com entusiasmo, até porque a Filosofia para Crianças existe já há vários anos em mais de sessenta países e nalgumas escolas portuguesas, com resultados muito positivos. Trata-se de um programa de desenvolvimento do raciocínio criado pelo Filósofo Matthew Lipman, e que proporciona, através da prática do diálogo (método socrático), o desenvolvimento cognitivo, afectivo e social das crianças, nomeadamente a nível da dimensão crítica, criativa e ética do seu pensamento, numa relação profunda entre o pensar, falar e agir.
O projecto foi elaborado pelos professores Manuel Veloso e Mário Almeida, com o título “Aprender a Pensar”. Depois de aprovado, foi inserido na disciplina de Formação Cívica, com uma carga horária semanal de 45 minutos, sendo acordado que, neste ano lectivo, contemplaria apenas as turmas do 1º ano do primeiro ciclo e as turmas do 5º ano do segundo ciclo.
Agora que o ano lectivo terminou, é possível fazer uma apreciação crítica da consecução do projecto.
No dizer do docente Mário Almeida, que o implementou, foi uma experiência profícua, pois além de inculcar nos alunos o interesse em questionar, problematizar e justificar as suas opiniões, abriu horizontes para a dimensão ética do agir, pela reflexão sobre valores, tais como a amizade, a justiça, a cooperação, a honestidade, a cidadania, a liberdade, etc. E, também, o saber estar na sala de aula para saber estar na vida, o respeito pelas regras, o saber ouvir, o saber falar. É gratificante acompanhar o crescimento integral das crianças, crescimento esse só possível mediante a sua motivação. Foi o que se sentiu e também elas o transmitiram. No início de cada aula, em coro, todas diziam em voz entusiasmada e entusiasmante, nas aulas de Filosofia aprendemos a pensar.
Seria bom que este projecto provocasse eco noutras escolas, dando oportunidade a outros alunos experienciarem a fascinante aventura da reflexão filosófica.
Enfim, uma palavra de reconhecimento para o Conselho Executivo, que idealizou e apoiou este projecto, de todo pertinente numa fase crítica em que o ensino perigosamente resvala para o homem máquina em detrimento do ser humano integral.
Uma última palavra também para os alunos, que foram o centro e a motivação do nosso agir: desejamos boas férias e deixamos, carinhosamente, este desafio: não queiram dar férias ao pensamento, e pensem sempre que é pensando que aprendemos a pensar melhor.
Do Diário de Notícias do dia 18 de Junho de 2009
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