Existem crianças que acreditam profundamente que os pais não gostam delas e passam uma vida inteira a procurar um amor incondicional que só a mãe lhes poderia ter dado.
Elas tornam frustrantes as suas relações afectivas. Um abraço sincero dos pais pode ser o melhor remédio para que estas crianças deixem de se sentir «mal-amadas».
Maria José tem mais de 70 anos e uma profunda convicção: não se sente amada pelo marido como gostaria, apesar de um casamento que já dura há cerca de meio século. Não há nada na sua relação que justifique este sentimento. A explicação está bem escondida nas memórias da sua infância. Maria José nunca sentiu um verdadeiro amor por parte dos seus pais e foi esta mágoa que determinou uma dificuldade que sempre teve ao longo da sua vida — nunca conseguiu dar aquilo que não recebeu: afecto.
Este caso mostra até que ponto a falta de afecto durante a infância pode ser determinante ao longo de toda a vida.
«Acredito que se tivesse tido acompanhamento tinha sido uma mulher muito mais feliz», explica a Dr.ª Cristina Freire, psicóloga clínica.
Muitas vezes os filhos crescem a acreditar piamente que os pais não lhes têm qualquer carinho, pois faltou-lhes o «colo» que todos precisamos para crescer emocionalmente saudáveis.
«Da minha experiência, pelo menos 95% dos casos que nos aparecem têm problemas de relacionamento com a ‘mãe simbólica’. Estas crianças têm a convicção de não ter sido suficientemente amadas pelas pessoas com quem vivem ou viveram», refere a especialista.
Muitas vezes os pais não se apercebem da angústia em que o seu filho está a mergulhar e, na sua opinião, acham que lhes dão tudo para serem felizes.
«A maioria dos pais trabalha muito para dar coisas boas aos seus filhos, só que, para as crianças, o ‘trabalho’ é um conceito difícil de compreender, podendo ser vivido como abandono, daí a importância do diálogo e da atenção dispensada no pouco tempo que possam passar juntos», salienta esta psicóloga, acrescentando: «Para evoluirmos e nos construirmos, enquanto adultos saudáveis, é fundamental a dose certa de afecto».
E nos sentimentos não há lugar para fingimentos ou acções ensaiadas. Mais importante do que a quantidade é a qualidade dos afectos. Não é suficiente dar carinho por obrigação, é necessário que haja sinceridade por detrás desse gesto, pelo que uma hora bem passada é preferível a um tempo mais longo e perturbado.
«Não podemos continuar a acreditar que só porque damos tudo aos nossos filhos, só porque trabalhamos para eles e nos sacrificamos, eles sabem que são amados. É importante demonstrar por palavras e gestos», defende Cristina Freire.
retirado por mim do site Sapo Saúde
segunda-feira, setembro 24, 2007
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
... e aquilo que elas tanto querem é uma demonstração fisica de afecto, amor, carinho e preocupação... um abraço, um carinho e uma simples frase "como estas" ou então " como te sentes"... torna-nos adultos muito mais saudáveis, amados e principalmente cheios de amor próprio.....
Grata pela partilha...
Um beijo doce...
Enviar um comentário