Esta frase de Jesus, segundo a tradição do cristianismo, é a prova de que Jesus é filho de Deus, que ele é a segunda pessoa da santíssima trindade, de que Jesus é o único caminho para Deus, e que tudo o que ele disse é verdade, a mais pura verdade, e que ele é a vida para todos, que lhe temos de mendigar essa vida que é ele próprio, que ele é Deus feito homem (homem, não humanidade, mas homem macho), que é bom e só fez o bem, nunca prejudicou ninguém e a ninguém fez mal, e que aquilo que ele disse e fez, foi o que Deus quis, foi Deus que lhe mandou fazer essas coisas. Conclui-se que o estado a que chegou Jesus é inacessível ao comum dos mortais, nem devemos tentar, pois será considerado blasfémia ou heresia. Jesus é o modelo que temos de imitar, mas não muito. Jesus será sempre mais e melhor do que nós, pois ele é o Filho Único de Deus, é o filho mais amado, que está em maior contacto com Deus, por isso temos que pedir-lhe, e pedir-lhe de uma certa maneira, a sua intercessão junto do Pai, para que o Pai não nos deixe cair em desgraça, caso nós não façamos aquilo que Ele quer.
Ora, para mim, esta frase de Jesus é um convite para todos. Um convite a quê? Ele convida-nos a dizer esta mesma frase, a dizê-la a nós mesmos:”Eu sou o caminho, a verdade e a vida”. Ao dizer esta afirmação ou a dizer a nossa própria afirmação daquilo que nós escolhemos Ser; estamos a definirmo-nos, estamos a dizer ao Universo qual é a parte de Deus que nós desejamos experienciar. Ele não está a convidar-nos a ser como ele, a fazer a mesma escolha que ele, por que isso é irrelevante para ele, ele convida-nos a afirmar o que nós escolhemos ser, pois essa é a nossa experiência e não a dele.
O Caminho. Aqui, Jesus quer nos dizer que decidiu ser caminho, não ser o único caminho para Deus, diz-nos que a sua experiência de Deus é convidar outros a terem a sua própria experiência de Deus, que é, fazerem o seu próprio caminho ou serem o próprio caminho. Há que lembrar que a frase é reflexiva, “Eu sou o caminho”, é sobre Jesus, ele mesmo, não para que outros o sigam, pois foi só em última instância, que Jesus diz para o seguirem, caso não nos sentíssemos capazes de decidir quem nós somos.
A Verdade. Aqui Jesus está a dizer que é a sua profunda verdade que ele está disposto a transmitir aos demais, de certa forma, convida-nos a fazer o mesmo, a transmitirmos a nossa profunda verdade. Propõe-nos o deixar as máscaras, deixando revelar a luz que se encontra dentro de nós, mesmo que outros nos critiquem ou nos elogiem. Após dizer que é caminho, diz-nos que é necessário a verdade, e a verdade até às últimas consequências.
A Vida. Mais tarde ele dirá “Eu vim para tenham vida e vida em abundância”. As palavras Deus-Amor-Vida referem-se à mesma coisa, se nós existimos na única coisa que existe, então também podemos dizer de nós mesmos, que somos Vida, Amor, Deus. Que ressuscitamos para outras formas de vida, e isso ele fez, ao entregar-se à morte desta forma física, para depois ressuscitar noutra forma de vida, e assim provar aos outros humanos que a vida não acaba com a morte do nosso corpo, e que a Vida é eterna e existe em múltiplas formas. Estamos rodeados e imersos em vida, este facto é de difícil aceitação devida à nossa concepção de vida que temos hoje ser muito restrita. É a questão das nossas crenças.