sexta-feira, junho 17, 2011

O único propósito

1. O mundo real é o estado mental no qual se vê o perdão como o único propósito do mundo. O medo não é a meta do mundo, pois escapar da culpa vem a ser o seu objetivo. O valor do per­dão é percebido e toma o lugar dos ídolos, que não mais são buscados, pois as suas “dádivas” já não são valorizadas. Nenhu­ma regra é estabelecida em vão e nenhuma exigência é feita de pessoa ou coisa alguma para que sejam distorcidas e se adeqüem ao sonho do medo. Em vez disso, há um desejo de compreender todas as coisas criadas como elas realmente são. E se reconhece que todas as coisas têm que ser em primeiro lugar perdoadas e então compreendidas.

2. Aqui se pensa que a compreensão é adquirida através do ata­que. Lá, fica claro que através do ataque se perde a compreensão. A loucura de perseguir a culpa como meta é inteiramente reco­nhecida. E ídolos não são queridos lá, pois compreende-se que a culpa é a única causa da dor sob qualquer forma. Ninguém é tentado pelo seu apelo vão, pois o sofrimento e a morte foram percebidos como coisas que não se quer e pelas quais não vale a pena ninguém se esforçar. A possibilidade da liberdade foi capta­da e bem recebida e os meios pelos quais ela pode ser alcançada podem agora ser compreendidos. O mundo vem a ser um lugar de esperança, porque o seu único propósito é ser um lugar onde a esperança da felicidade pode ser realizada. E ninguém fica ex­cluído dessa esperança, porque o mundo foi unido na crença de que o propósito do mundo é tal que todos têm que compartilhar, se é que a esperança vai ser mais do que um simples sonho.

3. O Céu ainda não é inteiramente lembrado, pois o propósito do perdão ainda permanece. No entanto, cada um está certo de que irá além do perdão e permanece somente enquanto o perdão se aperfeiçoa nele. Ele não tem nenhum desejo a não ser esse. E o medo sumiu, porque ele está unido consigo mesmo em seu propó­sito. Há nele uma esperança de felicidade tão segura e tão cons­tante, que ele mal pode ficar esperando por mais algum tempo, com os pés ainda tocando a terra. No entanto, está contente por esperar até que todas as mãos se unam e todos os corações estejam prontos para elevarem-se e seguirem com ele. Pois assim ele é aprontado para o passo no qual todo o perdão é deixado lá atrás.

4. O passo final é de Deus, porque apenas Deus poderia criar um Filho perfeito e compartilhar Sua Paternidade com ele. Ninguém fora do Céu sabe como pode ser assim, pois a compreensão disso é o próprio Céu. Mesmo o mundo real tem um propósito que ainda se encontra abaixo da criação e da eternidade. Mas o medo se foi porque seu propósito é o perdão, não a idolatria. E assim, o Filho do Céu é preparado para ser ele próprio e para se lembrar que o Filho de Deus conhece tudo o que o seu Pai compreende, e o compreende perfeitamente com Ele.

5. O mundo real ainda está aquém disso, pois esse é o propósito do próprio Deus; só Seu e, no entanto, completamente comparti­lhado e perfeitamente realizado. O mundo real é um estado no qual a mente aprendeu como é fácil abandonar ídolos quando eles ainda são percebidos, mas não são mais queridos. Com que disposição a mente os deixa partir quando compreendeu que os ídolos não são nada, não estão em parte alguma e não têm propó­sito. Pois somente então a culpa e o pecado podem ser vistos sem nenhum propósito e sem significado.

6. Assim é o propósito do mundo real gentilmente trazido à cons­ciência para substituir a meta do pecado e da culpa. E tudo o que se interpôs entre a tua imagem de ti mesmo e aquilo que és, o perdão limpa alegremente e faz desaparecer. Entretanto, Deus não precisa criar o Seu Filho outra vez para que o que é dele seja devolvido a ele. A brecha entre o teu irmão e ti mesmo nunca existiu. E o que o Filho de Deus conheceu na criação, ele tem que conhecer de novo.

7. Quando irmãos se unem em propósito no mundo do medo, eles já se encontram à beira do mundo real. Talvez ainda olhem para trás e pensem que vêem um ídolo que querem. No entanto, o seu caminho já foi seguramente traçado para longe dos ídolos, na direção da realidade. Pois quando uniram as suas mãos, foi a mão de Cristo que tomaram e olharão para Aquele Cujas mãos eles seguram. A face de Cristo é contemplada antes do Pai ser lembrado. Pois Ele tem que continuar sem ser lembrado enquan­to o Seu Filho não tiver alcançado o que está além do perdão, o Amor de Deus. Entretanto, o Amor de Cristo é aceito antes. E então virá o conhecimento de que Eles são um só.

8. Como é leve e fácil o passo que atravessa as estreitas fronteiras do mundo do medo, quando reconheceste de Quem é a mão que seguras! Dentro da tua mão está tudo o que necessitas para ca­minhares em perfeita confiança para longe do medo para sempre e para seguires adiante e rapidamente alcançares a porta do Céu. Pois Ele, Cuja mão seguras, apenas esperava que te unisses a Ele. Agora que vieste, iria Ele atrasar-Se em mostrar-te o caminho que Ele tem que seguir ao teu lado? As Suas bênçãos estão conti­go com tanta certeza quanto o Amor do Seu Pai repousa sobre Ele. A Sua gratidão para contigo está além da tua compreensão, pois permitiste que Ele Se erguesse do cativeiro e partisse junto contigo rumo à casa do Seu Pai.

9. Um antigo ódio está desaparecendo do mundo. E com ele toda raiva e todo medo se vão. Não olhes mais para trás, pois o que está diante de ti é tudo o que jamais quiseste em teu coração. Abre mão do mundo! Mas não para o sacrifício. Tu nunca o quiseste. Que felicidade buscaste aqui que não tenha te trazido dor? Que momento de contentamento não foi comprado ao preço amedrontador de moedas de sofrimento? A alegria não tem ne­nhum custo. Ela é o teu direito sagrado, e aquilo que tu pagas não é felicidade. Adianta-te no teu caminho através da honesti­dade e não permitas que as tuas experiências aqui enganem em retrospectiva. Elas não estavam livres do amargo custo e de con­seqüências sem alegria.

10. Não olhes para trás a não ser com honestidade. E quando um ídolo te tentar, pensa nisso:
Nunca houve um momento em que um ídolo te trouxesse coisa alguma exceto a “dádiva” da culpa. Nenhum deles foi comprado a não ser ao custo da dor, e nem jamais foi pago apenas por ti.
Portanto, sê misericordioso para com o teu irmão. E não esco­lhas um ídolo irrefletidamente; lembra-te de- que ele pagará o custo assim como tu. Pois ele se atrasará quando olhares para trás e não perceberás de Quem é a mão amorosa que seguras. Assim sendo, olha para a frente; em confiança caminha com o coração feliz que bate em esperança e não ecoa no medo.

11. A Vontade de Deus está para sempre naqueles cujas mãos es­tão unidas. Enquanto eles não se uniram, pensaram que Ele era seu inimigo. Mas quando se uniram e compartilharam um único propósito, foram livres para aprender que a sua vontade é uma só. E assim a Vontade de Deus tem que chegar à consciência de todos eles. Tampouco são capazes de esquecer por muito tempo que ela não é senão a própria vontade de cada um.


de "Um Curso em Milagres" capítulo 30, V, 1-11