segunda-feira, setembro 21, 2009

Silêncio por Raul Solnado

«Encontrei Raul Solnado apenas uma vez. Num casamento. Surpreendeu-me a imagem que me ficou: a de um homem reflexivo. Não professava nenhuma religião. Por isso, não teve funeral religioso. Mas deixou um pequeno escrito, com uma experiência, no silêncio, na Expo, em Lisboa, em 2007.

"Numa das vezes que fui à Expo, em Lisboa, descobri, estranhamente, uma pequena sala completamente despojada, apenas com meia dúzia de bancos corridos. Nada mais tinha. Não existia ali qualquer sinal religioso e por essa razão pensei que aquele espaço se tratava de um templo grandioso. Quase como um espanto, senti uma sensação que nunca sentira antes e, de repente, uma vontade de rezar não sei a quem ou a quê. Sentei-me num daqueles bancos, fechei os olhos, apertei as mãos, entrelacei os dedos e comecei a sentir uma emoção rara, um silêncio absoluto. Tudo o que pensava só poderia ser trazido por um Deus que ali deveria viver e que me envolvia no meu corpo amolecido. O meu pensamento aquietou-se naquele pasmo deslumbrante, naquela serenidade, naquela paz. Quando os meus olhos se abriram, aquele Deus tinha desaparecido em qualquer canto que só Ele conhece, um canto que nunca ninguém conheceu e quando saí daquela porta, corri para a beira do rio para dar um grito de gratidão à minha alma, e sorri para o Universo. Aquela vírgula de tempo foi o mais belo minuto de silêncio que iluminou a minha vida e fez com que eu me reencontrasse. Resta-me a esperança de que, num tempo que seja breve, me volte a acontecer. Que esse meu Deus assim queira."»

por Anselmo Borges, 19 Setembro 2009
Aqui

quarta-feira, setembro 16, 2009

Acto sexual

"Imensos moralistas se pronunciaram acerca do acto sexual para o
condenar! Mas, na realidade, o acto, em si, não é bom nem mau;
só a intenção que nele se põe, a maneira de o viver, o torna
criminoso ou santo.
Se um ser não trabalhou sobre si mesmo, se ele tem intenções
egoístas ou desonestas, mesmo que decida tornar esse acto
legítimo casando, talvez seja aprovado e aplaudido, a sua
família far-lhe-á uma festa, a conservatória e a Igreja
dar-lhe-ão, uma, o direito, a outra, a bênção, mas a Natureza
condená-lo-á, pois o que vai ele comunicar à sua mulher (ou a
mulher ao seu marido)? Doenças, vícios, influências nocivas,
nada mais. Portanto, mesmo que o mundo inteiro aprove o acto, as
leis da Natureza viva pronunciar-se-ão contra ele. E,
inversamente: alguns poderão reprovar-vos por terdes relações
sexuais com uma mulher ou um homem com quem não estais
oficialmente casados, mas, se derramastes o Céu na alma desse
ser, se, graças ao vosso amor, ele se eleva, se enobrece, se
embeleza, o Céu, lá no Alto, ficará maravilhado e conceder-vos-á
as suas bênçãos."

As Edições Prosveta

 

sexta-feira, setembro 11, 2009

A Raiva, Medo, Ataque

"A relação da raiva como ataque é óbvia, mas a relação da raiva com o medo nem sempre é tão evidente. A raiva sempre envolve a projecção da separação, que deve ser, em última instância, aceite como responsabilidade da própria pessoa em vez de ser imputa­da aos outros. A raiva não pode ocorrer a menos que acredites que foste atacado, que o teu ataque por sua vez é justificado e tu não és de forma alguma responsável por ele. Dadas essas três premissas totalmente irracionais, não se pode deixar de chegar à conclusão igualmente irracional de que um irmão merece ser ata­cado ao invés de amado. O que se pode esperar de premissas insanas excepto uma conclusão insana? O modo de desfazer uma conclusão insana é considerar a sanidade das premissas em que se baseia. Tu não podes ser atacado, o ataque não tem justificativa e tu és responsável por aquilo em que acreditas."
 
 
UCEM
Passem por aqui htportugal
 

segunda-feira, setembro 07, 2009

Ser referência para liderar

"Como conseguir ter pessoas e equipas motivadas, diariamente empenhadas e entusiásticas, assumindo como seus os desafios das suas equipas e empresas?
 
Uns referem a importância do feedback, dos objectivos ambiciosos, das pessoas certas nos lugares certos. Outros apontam a necessidade de quem lidera ser um exemplo e uma referência, vendo a sua autoridade reconhecida mais que imposta. Alguns dizem que é fundamental gerir de modo adequado as expectativas daqueles que dirigem. Muitos defendem que sem prémios financeiros nada feito, que sem colocar os colaboradores a correr atrás da "cenoura" representada pelos bónus e pelas promoções, dificilmente se consegue mobilizar a motivação de quem quer que seja.

Todos têm em parte razão, mas nenhuma destas opiniões representa, só por si, a solução verdadeiramente eficaz. Trata-se afinal de seguir um caminho. Desenvolver um processo. Definindo, antes do mais, o que pretendemos alcançar e como consegui-lo. Clarificando depois quais os valores e princípios, que regras de vida colectiva irão enquadrar o trabalho a desenvolver. Em seguida, procurando ganhar o compromisso daqueles que dirigimos para que contribuam para um todo maior que a soma das partes. Observar e ajudar a reflectir sobre os resultados entretanto alcançados, acompanhando e apoiando cada membro da equipa, registando as respectivas atitudes e comportamentos. Controlando a par e passo a sua execução e respectivos ganhos de eficácia, questionando, ouvindo, dando feedback. Gerindo as consequências dos actos de cada um, tanto os que fazem bem como, principalmente, os que não cumprem como desejado, avaliando com justiça o seu desempenho.

Sem ambiguidades nem hesitações de qualquer espécie, todos precisam de perceber que ou mudam de atitudes e comportamentos ao serviço da equipa, ou alguém os muda. Por fim, talvez o maior dos desafios para quem dirige pessoas e equipas. Ser um modelo e uma referência. Aparentemente simples. Bastante eficaz. Mas, atenção! Fácil de dizer, difícil de fazer"
 
por Jorge Araújo no Jornal Oje
 
 

quarta-feira, setembro 02, 2009

Preto e branco

«A situação que se segue aconteceu num vôo da British Airways, entre Joanesburgo (África do Sul) e Londres.
 
Uma mulher (branca), de aproximadamente 50 anos, chegou ao seu lugar em classe económica e viu que estava ao lado de um passageiro negro.
 
Visivelmente perturbada, chamou a hospedeira de bordo.
 
-'Algum  problema,minha senhora?' - perguntou a hospedeira.

 -'Não vê?' - respondeu a senhora -'Vocês colocaram-me ao lado de um negro. Não posso ficar aqui. Tem de me arranjar outro lugar.'
 
-'Por favor, acalme-se!'- disse a hospedeira -'Infelizmente, todos os lugares estão ocupados. Porém, vou ver se ainda temos algum disponível'.
 
A hospedeira afasta-se e volta alguns minutos depois.
 
- Senhora, como eu disse, não há nenhum outro lugar livre em classe económica. Falei com o comandante e ele confirmou que temos apenas um lugar em primeira classe'.
 
E antes que a mulher fizesse algum comentário, a hospedeira continua:
 
- Veja, não é comum que a nossa companhia permita que um passageiro da classe económica se sente na primeira classe. Porém, tendo em vista as circunstâncias, o comandante pensa que seria escandaloso obrigar um passageiro a viajar ao lado de uma pessoa desagradável'.
 
E, dirigindo-se ao senhor negro, a comissária prosseguiu:
 
- Portanto, senhor, caso queira, por favor pegue na sua bagagem de mão, pois reservamos para si um lugar em primeira classe...'
 
Todos os passageiros que, estupefactos assistiam à cena, começaram a aplaudir, alguns de pé.»
 

 

 "O QUE ME PREOCUPA NÃO É O GRITO DOS MAUS. É O SILÊNCIO DOS BONS..."
 
               MARTIN LUTHER KING