terça-feira, março 03, 2009

Quarenta dias e quarenta noites

«O Espírito conduziu Jesus ao deserto a fim de ser tentado pelo demónio. Jejuou durante quarenta dias e quarenta noites e, por fim, teve fome» (Mt 4, 1-2)

Para perceber o texto, é necessário ir para dentro daquela sociedade, daquele conjunto de crenças, daquela mentalidade. Esta viagem, este “O Espírito conduziu Jesus” é para o interior de Jesus, não para o exterior, este Espírito não levou Jesus para o deserto exterior mas sim para o interior, é lá que “faltando” o que nos parece essencial, deixa de o ser, este “parecer essencial” é que é a tentação, o “Demónio” é o conjunto da nossa mente tagarela com o nosso ego de identificação, e de maneira nenhuma estou contra a existência deles, mas devem ser mantidos nas suas devidas proporções.

Jesus foi tentado pelo demónio (mente/ego) nesse deserto interior, basicamente meditou, entrou em meditação profunda. Era prática comum naqueles tempos, o jejum, Jesus não passou fome só por passar fome, o jejum físico é consequência dessa meditação profunda. O número quarenta significa provação, na mentalidade daquele tempo, por isso Jesus não jejuou fisicamente durante quarenta dias e quarenta noites, fisicamente é impossível, mas jejuou de tudo de todas as crenças e mentalidades do seu tempo, mas no fim teve fome, fome de humanidade, fome de estar com os outros, por que estava cheio de si mesmo esvaziando-se de todas as coisas que o seu ego e a sua mente o preenchiam antes deste tempo de meditação profunda e de encontro consigo mesmo.

Este é um convite que ele nos faz, antes de estar e viver profundamente com os outros, temos que estar e viver profundamente connosco próprios.

Então, vamos a isso.

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