No dia 13 de Novembro de 2008, fiquei a saber que ele se chama João. E ele ficou a saber que me chamo Luís.
Do João sei alguns pedaços da sua vida, que ele próprio me contou no tempo que vai de estar comigo na paragem do autocarro até ao destino dele, eu saio depois dele.
O João, há mais de um ano que partilha comigo o mesmo autocarro, mas nunca conversamos, e foi bom começarmos assim, por causa de uma ferida na perna que lhe chega até ao osso, queixou-se das muitas dores por causa do frio nesse osso exposto, mas que tem sido bem tratado no hospital.
O João definiu-se “Eu sou um sem-abrigo”, e “Estou na desintoxicação através da metadona”, a mim nada me pediu, nem esmola, nem ajuda.
Nesse dia 13, após o autocarro ter partido, e eu ter tentado apanhá-lo sem sucesso, decidi percorrer cerca de 300 metros até outra paragem para apanhar outro autocarro, é então que vejo o João atrás de mim, decidi parar para que fossemos os dois até à dita paragem, “Como se chama?” perguntei-lhe eu, “Eu sou o João”, respondeu ele, “Eu sou o Luís”, disse-lhe eu, e demos um aperto de mãos, uma lavada e outra suja, mas o calor entre elas passou, dois seres humanos entraram noutro nível de comunicação, mas sempre de igual para igual, e cada um na sua situação.
Até à próxima....
terça-feira, novembro 18, 2008
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