quinta-feira, fevereiro 07, 2008

Quando há amor

"Mas há sempre uma identificação quando há amor, não é?

Sim, mas como deve ser a identificação? Acho que deve ser o seguinte : amar de tal maneira que ajude o amado a ser o que é quando ama, que ele procure ser o melhor que é quando ama. Então ajudá-lo nisso, mas sem perder a própria identidade. Não se transformar coisa nenhuma e procurar também , amando, ser o melhor possível, porque é capaz de esse movimento convergente de um e do outro, um e outro estimulados, acabar nalguma coisa que é o número um, que se junta o número dois. É um outro aspecto de filho. Que se junta no número um e torna-se o amor a si próprio ou torna-se aquela coisa fundamental que é capaz de ajudar todos os outros a entrarem na crucial disponibilidade. Me parece que o fundamental é não querer atingir este ou aquele objectivo. O fundamental é estar disponível para o objectivo que nos arrastar a nós. Isto é, para aquilo que nos apaixonar de momento ou não, com muito cuidado, porém, de se não deixar de absorver, de não se deixar transformar no objectivo, de não se deixar transformar, como no soneto do Camões. Ser capaz de avançar sem se perder."

Diálogos com Agostinho da Silva
O Império acabou. E agora?
Antónia de Sousa

1 comentário:

Desassossego disse...

Haverá algo mais para além do AMOR?

Um beijo doce para ti...