sexta-feira, janeiro 26, 2007

Vida e Aborto

Quem sou eu? Sou o quê? Sou o meu cabelo? Sou os meus dedos? Sou o meu corpo? Será que deixarei de ser eu se não tiver um corpo? O que é a minha vida? Será que a vida acaba no momento da minha morte? Será que a minha vida começa no momento da concepção? Será que esta minha forma de vida, dita humana, é para sempre?
Podem acrescentar outras questões.

Para mim, e pela forma como sinto a vida e como ela me percorre, a vida é tudo o que existe, a vida é para sempre e não tem fim, não é possível acabar com a vida. Por outro lado, sinto que tenho vida, mas olho para tudo e vejo vida, a diferença é a forma de vida, e eu neste momento tenho a forma de vida humana, tudo o resto tem outras formas de vida.
Se a vida é assim, não há maneira de acabar com a vida, mesmo através do aborto, o que pode acabar é com aquela forma de vida, dita, humana.

Mais uma vez, se volta à questão do bem e do mal. Mas bem e mal são equivalentes a dizer “o que funciona” e “o que não funciona”, tirando a carga moral das palavras “bem” e “mal”. Será que o aborto funciona ou não, em termos sociais?

Dizer que o aborto é um atentado à vida, que é acabar com a vida antes dela começar, como dizem os defensores do “Não”; é apenas um conceito ou crença restrita sobre o que é a Vida, da mesma forma que se considerava o planeta Terra o centro do Universo, pensam que a vida humana é o centro da vida.

Se a minha mãe recorresse ao aborto, que seria de mim? Deixava de ser eu? Eu existo para além dos corpos onde posso estar. O corpo que tenho agora e que se chama Luís Carlos e com muitas outras particularidades, é apenas uma possibilidade que se concretizou pelas vontades de outros Eus e assim nasci Luís neste aqui e agora, portanto quanto o meu corpo acabar, por que ele tem um prazo de validade que eu posso esticá-lo ou encolhê-lo, eu continuarei a existir mas não na forma de vida, dita humana.

DEUS/AMOR/VIDA é para sempre.

segunda-feira, janeiro 22, 2007

As novas crenças.

1) Deus nunca deixou de comunicar directamente com os seres humanos. Deus comunica com os seres humanos e através deles, desde o início dos tempos.

2) Todo o ser humano é tão especial como qualquer outro que alguma vez tenha vivido, viva agora ou venha alguma vez a viver.

3) Nenhum caminho para Deus é mais directo do que qualquer outro. Nenhuma religião é a "única verdadeira religião", nenhum povo é o "povo eleito" e nenhum profeta é o "maior profeta".

4) Deus não precisa de nada. Deus de nada carece para ser feliz. Deus é a felicidade em Si. Portanto Deus não exige nada de ninguém nem nada do Universo.

5) Deus não é um Super Ser singular que viva algures no Universo ou fora dele, com as mesmas necessidades emocionais e sujeito ao mesmo turbilhão de emoções que os humanos. Aquilo Que Deus É não pode ser ofendido nem prejudicado de nenhuma forma e, portanto, não tem necessidade de procurar vingança ou impor castigo.

6) Todas as coisas são Uma Só Coisa. Há só uma coisa e todas as coisas fazem parte da Única Coisa Que É.

7) O Certo e o Errado não existem. Existem apenas O Que Funciona e O Que Não Funciona, dependendo daquilo que nós procuramos ser, fazer ou ter.

8) Nós não somos o nosso corpo. O que nós somos é ilimitado e eterno.

9) Somos imortais, e nunca seremos destinados à condenação eterna.


Dos livros "Conversas com Deus"
Neale Donald Walsch

terça-feira, janeiro 16, 2007

Egoísmo e/ou egocentrismo

Do dicionário online da Priberam

Egoísmo - amor próprio excessivo, que leva o indivíduo a olhar unicamente para os seus interesses em detrimento dos alheios; conjunto de propensões ou instintos que levam à conservação do indivíduo.

Egocentrismo - tendência pessoal exagerada em considerar tudo sob o próprio ponto de vista e em fazer de si próprio o centro do universo; subjectivismo.

Interessantes estas definições.

“Amor próprio excessivo”. Onde está o problema? Digam-me onde está o problema do “amor próprio excessivo”?
Para mim, o ser egoísta é intrínseco ao ser humano. Como podemos funcionar sem amor próprio? Será que o amor próprio pode ser excessivo? A partir de que valor é passa a ser excessivo? Se eu não olhar unicamente para os meus interesses em detrimento dos alheios, quem olhará? Os que me são alheios? Quem de entre vós sabe quais são os meus interesses? Se vós não sabeis quais são os meus interesses, como podem olhar pelos meus interesses? A conservação do indivíduo, quem é que não se quer preservar? Vou deixar de tomar banho para deixar de ser egoísta? Vou deixar de comer para deixar se ser egoísta? Vou deixar de pensar, raciocinar, sentir para deixar de ser egoísta?

O egocentrismo é o fazer a mim próprio o centro do universo, concordo com esta definição, de resto não vejo problema no subjectivismo, nem na tendência pessoal exagerada em considerar tudo sob o próprio ponto de vista. Mais uma vez, quem é que me vai dizer que a partir de determinado valor passou a ser exagerada?

Até já.

terça-feira, janeiro 09, 2007

Não Confundas o Amor Com o Delírio da Posse

"Não confundas o amor com o delírio da posse, que acarreta os piores sofrimentos. Porque, contrariamente à opinião comum, o amor não faz sofrer. O instinto de propriedade, que é o contrário do amor, esse é que faz sofrer. Por eu amar a Deus, meto-me a pé pela estrada fora, coxeando penosamente para o levar aos outros homens. E não reduzo o meu Deus à escravatura. E sou alimentado com o que ele dá a outros. Eu sei assim reconhecer aquele que ama verdadeiramente: é que ele não pode ser prejudicado. O amor verdadeiro começa lá onde não se espera mais nada em troca."

Antoine de Saint-Exupéry, in 'Cidadela'

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Mais um livro sagrado

Escreverei um livro sagrado, um livro, que eu digo que foi inspirado por deus, onde eu diga verdades e mentiras, chamar-lhe-ão o livro da vida, nada podem tirar, nada podem acrescentar.

Quem escolher as verdades sem ter pensado na outra parte do texto, dirão que só tirou “aquilo que lhe dá jeito”.

Quem escolher, só as mentiras, fará delas verdades como as outras, porque se é o livro da vida, este só pode conter a verdade.

O livro sagrado que escreverei, conterá lições de vida para quem não sabe viver a vida, conterá ritos de adoração do deus inspirador do livro, de modo a fazermos sempre a sua vontade.

Este livro irá revelar que o deus inspirador, é um pai, nem mais nem menos. Que todos se devem vergar, especialmente as mulheres, visto deus ser homem.

O livro originará a existência de sacerdotes, que lerão o livro e o estudarão até à exaustão, serão eles que irão proclamar as mentiras como verdades.

Ai de quem, não seguir as indicações dos sacerdotes do livro, eles representam a vontade de deus.

Visto este livro da vida conter a vontade de deus. A existência de sacerdotes e de fiéis ao livro, levará à organização de uma religião baseada no livro.

O livro mostra que as pessoas têm que ser convertidas à religião do livro, as pessoas andam afastadas de deus, e ali naquele livro estão ensinamentos de vida para quem não sabe viver sem o livro, quem se recusar a isso, será considerado “cego”, não verá a luz prometida no livro, e serão afastadas da presença de deus, e condenadas para toda a eternidade, fora do livro não haverá salvação, fora do livro está tudo condenado.

Não será este o livro sagrado que escreverei, decerto que não será. Mas vejo, que muitos livros há, que assim são, e milhões de pessoas os seguem, cegas pela promessa de que tudo que lá está escrito é a verdade acerca de Deus, a verdadeira vontade de Deus. Porém, eu vos digo que o livro mais sagrado que podem seguir, é a vossa alma, aquele pedaço de Deus, sem perda das características de Deus, que temos em nós, é aí que fazemos a nossa religião (religare, voltar a ligar), aí está Deus. Afinal não necessitamos de encontrar Deus, não há salvação por que não há perdição. Somos Deus/Vida/Amor. Não há como não fazermos parte do Tudo em Todos.

Vós sois os livros sagrados.
E eu desejo vos ler, assim como eu leio o meu livro sagrado.